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A casa está implantada em terreno na montanha da serra da Mantiqueira a 1200 metros de altitude em local de acesso precário e difícil.

A ideia foi elaborar um projeto utilizando-se ao máximo de recursos locais e naturais do próprio terreno e arredores, na intenção de promover uma construção experimental com o menor impacto no ambiente.

Foi concebido um sistema estrutural mais leve para a cobertura, em painéis de telhas metálicas termo isolantes, com seis pórticos separados por vãos de 4 metros. Outra estrutura interna a esta foi pensada para acomodar os pisos e fechamentos com vãos de 3 metros entre apoios. O programa da casa se resume a duas caixas sob esta cobertura, ambas com forro e estrutura independente. A caixa mais opaca, para o uso noturno, abriga dois quartos e dois banheiros; a caixa mais transparente, uma sala/cozinha para o uso predominantemente diurno e de convívio social. O intervalo entre as caixas acolhe uma área em deque de madeira, coberta e aberta, como uma varanda e estar nos dias menos frios ou simplesmente como circulação.

A estrutura principal foi desenvolvida a partir de troncos roliços de 12 árvores de eucalipto, retiradas de um bosque vizinho ao terreno. A partir do levantamento das árvores escolhidas foi realizado um esquema de corte para o melhor aproveitamento dos troncos. As peças foram então cortadas com motosserra e tratadas por processo de carbonização com maçarico caseiro já no local da montagem.

A montagem se deu em um processo artesanal, por uma equipe de quatro pessoas, sem qualquer equipamento especial. Após a locação dos pilares, foi executada a estrutura do piso. Usando-a como base e apoio, um único andaime metálico foi sendo deslocado para o içamento manual das seis vigas dos pórticos. Estas vigas são troncos de 20 centímetros de diâmetro aproximadamente e foram reforçadas com um tirante em cabo de aço, conformando uma viga vagão com 12 metros de comprimento total para vencer um vão central de 8 metros.

As duas caixas independentes foram estruturadas com vigamento de madeira serrada, conformadas como gaiolas para suporte dos vêdos. Na caixa opaca será utilizada a técnica de alvenarias de taipa de sopapo (pau-a-pique), com armação interna de taquaras de bambu, provenientes do local, e para o barreado será utilizada a terra retirada das escavações necessárias à obra. Os fechamentos da caixa da sala/cozinha serão basicamente em peças de vidro, ora fixadas a estrutura da gaiola através de baguetes de madeira como elementos fixos, ora como duas grandes aberturas em painéis de correr, abrindo-se amplamente para as varandas.

O projeto se constitui em uma construção basicamente em madeira e terra. Com exceção de alguns materiais industrializados trazidos de fora, como a cobertura metálica, painéis de vidro e componentes metálicos, todos os outros materiais utilizados são provenientes do local ou arredores

São Bento do Sapucaí / SP

projeto
2017

construção
2018

área
180m²

colaboradores
Camila Ungaro; Thiago Magri Benucci; Manoela Corrá Dieguez Pessoa; Victória Coelho de Menezes 

dimensionamento da estrutura
Heloisa Maringoni- Cia de Projetos

fotografias
Manuel Sá



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